segunda-feira, 17 de julho de 2017

História trágico-marítima (CCXXV)


Navio novo
Deve ser hoje lançado à água, em Gaia, o lugre “Luctador”, de 700 toneladas, que acaba de ser construído nos estaleiros do Sr. Alfredo de Fonseca Barros.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta, 29 de Novembro de 1917)

Na realidade este lugre não foi construído, mas sim reconstruído, sobre o cavername do brigue norueguês “Anna”, que havia sido desmastreado em 1910, para ser adaptado a servir de laita (termo aportuguesado do inglês “lighter”), nos portos do Douro e Leixões, devido à enorme destruição de diversos navios mercantes, fragatas e batelões de carga, durante a grande cheia no rio, que teve lugar entre os dias 22 a 24 de Dezembro de 1909. Apresentava à data as seguintes características: 

Brigue norueguês “Anna”
Armador: A.J. & C. Amundsen, Sarpsborg, Noruega
Nº Oficial: N/d - Iic: N/d - Porto de registo: Sarpsborg
Construtor: N/d, Sannesand, Noruega, Setembro de 1870
Arqueação: Tab 219,00 tons - Tal 199,00 tons
Dimensões: Pp 34,26 mts - Boca 7,45 mts - Pontal 3,66 mts
Propulsão: À vela

Gravura de galera não identificada em situação de naufrágio
Desenho de Charles Dixon - (Ilustração Portuguesa Nº736 - 29.3.1920)
Sem correspondência ao texto

Lugre portugues "Luctador"
Não há informação completa sobre as características do lugre após a reconstrução, excepto em relação aos novos proprietários, identificados por Alfredo da Fonseca Barros em sociedade com a Companhia Agrícola e Comercial dos Vinhos do Porto.
Esteve matriculado na Capitania do Douro, com o nº de registo B-105, com as letras H.L.U.T., do Código  Internacional de Sinais e arqueava 314,00 toneladas liquidas.

O lugre “Luctador” naufragou no dia 10 de Agosto de 1918, por motivo de incêndio a bordo, quando se encontrava a cerca de 110 milhas náuticas do porto de São Luiz do Maranhão, Brasil, em viagem para o Porto. Não há notícia sobre os náufragos.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 21 de Agosto de 1918)

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